Como fã das histórias em quadrinho, uma diversão que a minha geração curtiu muito, observo que o uso de máscara para se proteger da covid-19 acabou demistificando certos heróis mascarados da nossa infância, no sentido de que eles tinham suas identidades verdadeiras escondidas atrás de máscaras bem menores das que estamos usando agora.
Zorro, por exemplo, personagem criado em 1919, era o Don Diego de la Vega, um fidalgo cidadão respeitado no seu vilarejo, mas só nós leitores sabíamos, no seu reduto na história que transcorria ninguém sabia, para desespero do sargento Garcia. Outro herói mascarado, o Cavaleiro Solitário, que também conheci como Zorro, personagem criado em 1933 que vivia acompanhado por um índio chamado Tonto, corria atrás de bandidos pelas pradarias montado em seu cavalo chamado Silver; sua identidade verdadeira também ninguém conhecia, talvez só o Tonto.
Agora estamos usando uma máscara que cobre dois terços do rosto, bem maior do que a dos nossos heróis, e mesmo assim lá de outro quarteirão alguém te conhece e te cumprimenta alto, chamando pelo seu nome. Sem problemas! Isso é só uma divagação descontraída sobre as máscaras, uma pequena crônica, não precisamos nos esconder de ninguém. Só da Covid, daí usamos as máscaras, literalmente.