Chicote, bate chicote. Arrepia chicote. Zuni chicote. Arrebenta chicote. Corta a carne. Sangue escorre. Grita grito lancinante. Berra. Berra. Berra socorro. Medo. Vingança. Ódio. Asco. Chicotada de gente estúpida. De senhor, surra de feitor. Escravo foge, chicotada. Surra no desgraçado. Pelourinho. Negrinho, do pastoreio. Nego Fujão. Chicoteia, o imundo.
Jesus Cristo. Martírio. Chicote de couro. Chibata. Terror. Humilhação. Açoite de chicote. Galés, escravos. Rema. General de grandes batalhas. Açoita o soldado covarde. Exorciza os demônios.
No Brasil não se usa o chicote como arma, ou instrumento de punição há muito tempo. A marinha usava. Última vez foi… 22 de Novembro de 1910. Aí, chegou certo Almirante Negro, conhecido como João Cândido Felisberto, e deu um basta.
Apontou os canhões do navio para o Rio de Janeiro, capital federal. Oficiais e governo bestificados e amedrontados, cederam, fim da chibata. Revolta da chibata. Houve traição nos acordos, por parte das autoridades, e João Candido foi preso. Preso… mas saiu vitorioso. Marinheiro hoje em dia não apanha com o chicotinho.
Canta João Bosco – “Há muito tempo nas águas/Da Guanabara/O dragão no mar reapareceu/ Na figura de um bravo/Feiticeiro/A quem a história/Não esqueceu
Conhecido como Navegante negro/Tinha a dignidade de um Mestre-sala…Rubras cascatas jorravam/Das costas/ Dos santos entre cantos
E chibatas/ Inundando o coração…”, Mestre Sala dos Mares.
Agora, a foto do frouxo dando chicotada nas costas do apoiador do Lula é de um horror indescritível. Um verdadeiro absurdo. Vergonha mundial. Barbárie. Escrotice pura.
O chicote não é apenas uma arma, é principalmente um símbolo de opressão, de preconceito, de racismo, de dominação, de poder de classe, de raiva.
Punição ao “pudim de ódio”, eventualmente chamado de ser humano, que teve a covardia de surrar o outro com tal objeto.
Se não há tipificação para este tipo de crime no código penal, apelo aos direitos dos animais, como fez Sobral Pinto. Lei de Proteção aos Animais. Mas impune, não pode ficar.
George Orwell, em seu livro “A Revolução dos Bichos” escreveu, e os bichos cantaram: “…Não mais argolas em nossas ventas,/Dorsos livres dos arreios,/Freios e esporas, /descartados,/Chicotadas abolidas!…”.
Viram ? “Chicotadas abolidas!”. Esse é o horror da ditadura. 1945.
No entanto, se o ato do imbecil não der em nada, só servir de piadinha para rodas de amigos, tão estúpidos quanto o “sinhô”, o que resta a ser feito então?
Responde aí Geraldo Vandré:
“… Marinheiro, marinheiro/ Quero ver você no mar/ Eu também sou marinheiro/Eu também sei governar/Madeira de dar em doido
Vai descer até quebrar/ É a volta do cipó de aroeira/ No lombo de quem mandou dar/ É a volta do cipó de aroeira/ No lombo de quem mandou dar…”. Aroeira.
E tenho dito.
Edson Brito, ativista do Movimento Nacional pela Anulação do Impeachment, militante do PT, profissional da Navegação Aérea na Infraero