maio 22, 2016 Air Antunes Artigos 0
NÊGGO TOM
A chuva cai e tange a esse momento
Mil nuvens turvas a jorrar seu fel
Vertendo lástimas meio mundo chora
Enquanto a outra parte prova o mel.
O filme, a dor e o frio se misturam.
Mesmo ao relento tem um ar de glória.
Sob a batuta de um maestro intruso
Um pau de fogo rege a memória.
Aquela arma hoje é mais precisa
A velha tática ainda se usa
Demonizar a cor do movimento
Para manter a esperança reclusa.
Feito um trovão a injustiça brada
Um riso mórbido no olhar do impuro
Faz do inocente um réu se não lhe agrada.
Guia a nação por um caminho escuro
E nesse instante aquela chuva cessa
E a tempestade segue invisível
Água do céu é pra lavar a alma
Alma do mal faz o céu impossível
A luta era uma mulher de fibra
O pulso forte, a fera fêmea incisa.
Um joelho que não se dobrou ao rito
Foi apanhada a traição precisa.
Feras a solta impunham um cajado
Juntando ovelhas para um precipício
Um ser isento se mantém calado.
Pagando caro o próprio sacrifício.
São longos dias. Cento e oitenta gritos.
Tempo que o infame Príncipe desfruta.
Pra convencer o reino e o seu umbigo
De que não é um filho da permuta.
Chega à cidade mais de mil soldados
Julgando o povo que abraça a luta.
Quem os comanda tem sede de sangue
Quem os resiste tem a força justa.
Um argumento que veio a cavalo
Pra dar ao golpe um galope intenso
Fazendo o progresso ir pelo ralo
Escrevendo o retrocesso por extenso.
E nesse instante aquela chuva volta
Ouço respingos no telhado ao lado
Olho o infinito em tela reduzida
E subscrevo um eu indignado.
NêggoTom, cantor e compositor. É pobre, detesta doença e mais ainda camarão
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