fev 16, 2014 Air Antunes EDUCAÇÃO 0
TERESA PLENS MANFREDINI
A merenda escolar tornou-se, no Estados Unidos, o principal palco de combate à obesidade infantil, liderado pela primeira dama. Em lugar das batatas fritas, saladas…E as escolas de Nova Iorque já fazem isto há mais de 6 anos abolindo as gorduras trans, introduzindo no cardápio feijão com baixo nível de sódio que tem mais fibras. Muita coisa mudou, pois hoje, as massas são integrais, há toneladas de frutas, legumes e verduras e o leite é desnatado, enfim, a comida hoje servida nas escolas tem cara de comida. O sistema dispõe de mais de 1200 cozinhas onde são preparadas mais de 860 mil refeições a 1220 escolas. A forma como os alimentos são encarados e preparados mudou radicalmente. As frituras foram deixadas de lado e passaram a usar mais frutas e legumes frescos. Foi contratado um chef executivo. Antigamente não havia receitas. O conceito hoje é totalmente diferente. Há uma cozinha experimental onde são testados os produtos e examinados os ingredientes. O cardápio é baseado em pratos e não em nutrientes o que é importante. Muitas das escolas analisam o cardápio através de software. Na sexta-feira, no lugar da pizza, oferecem uma salada.
Como, na teoria tudo parece ser ótimo, algumas crianças foram ouvidas para expressarem como encaram esses novos conceitos alimentares. No refeitório da escola visitada, no Brooklin, surpreendentes foram as colocações espontâneas bem como as respostas às perguntas feitas pela repórter.
“Não como doce, nem junk food, nem batatinha. Só de vez em quando, no Halloween! Chips só se for de banana”.
-E o que faz bem para a saúde?
-Morangos…Pipoca sem manteiga…
-E o que faz mal ?
-Muito bolo, doce. Batata frita. Refrigerante…
-Você come bastante verdura em casa?
-Eu como!
Outro contexto, este mais amplo nos Estados Unidos, são os hábitos alimentares já instalados nas gerações mais velhas onde um jantar pode significar uma coca-cola com um saco de salgadinhos. É com o grupo de obesos e desnutridos com que trabalham, principalmente, com as famílias de baixa renda. Por isso a equipe se sente tão responsável trabalhando com um orçamento. O custo de cada refeição , incluindo a mão de obra é de R$ 2,67. Dois reais é só a comida. E a conta torna-se mais uma arte do que uma ciência.
Essa filosofia faz mais do que mudar o que os garotos consomem todo dia. De forma imperceptível, também ajudam a formar gostos (paladares) e idéias sobre o que significa uma alimentação saudável. E pelo fato de o sistema de educação de Nova Iorque ser muito abrangente, pode fazer pressão no mercado e nos fabricantes para que seus produtos melhores cada vez mais contendo menos sal, menos gordura e menos conservantes.
Uma vez que esses fabricantes melhoram a qualidade dos produtos para as escolas de N.I., podem começar a comercializá-los para outros sistemas do país. Isto significa que as “tias” das cantinas fazem mais para mudar os hábitos alimentares do país do que todas as palestras dos chefes famosos e feiras de produtos gourmet juntos. Isto considerando que o custo por refeição é de 1 dólar! Aí está mais uma oportunidade de reflexão sobre mais um tema que diz respeito à infância. Embora não vivamos nos Estados Unidos, a vida moderna traz, hoje, preocupação em relação à obesidade de nossas crianças.
Teresa Plens Manfredini, de Angatuba, é professora e mestre pela UFRJ.
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